Olá querido ouvinte, nesta semana Guilherme Andrade trás mais uma crônica para o Remix. O texto da crônica está logo abaixo. Deixe nos comentários sua opinião sobre o assunto, envie suas críticas e mande sugestões sobre novos temas. Esperamos que aproveitem, até a próxima semana. Músicas da Playlist: Aventureiro - Rodrigo Ogi. Estação da Luz - Rogrigo Ogi. Correspondente de Guerra - Rodrigo Ogi. Bora ouvir!!! Justiça Música: Aventureiro Depois que acaba o jogo na quarta a noite eu sempre emendo com o Profissão Repórter da Globo. Não sou de assistir muito a TV, mas esse programa sempre aborta assuntos polêmicos, e a forma como eles conduzem a reportagem me agrada. Sempre tentando mostrar os dois lados da noticia e os desafios que se enfrenta ao buscar os fatos. Nessa semana o tema foi a justiça popular. Não sei se esse é o nome correto, mas é o que eu associo ao ato de pessoas comuns quererem fazer justiça com as próprias mãos. Acredito que por conta de uma criminalidade crescente, principalmente nos grandes centros, e por um sistema policial ineficiente, as pessoas se cansaram de tanto apanhar e perder para os bandidos. Agredir outro ser humano é algo muito sério, não é fácil para todas as pessoas prender e castigar fisicamente outro por qualquer que seja o ato culposo. Mesmo assim, em um determinado nível de revolta o sangue sobe à cabeça, os olhos cegam de raiva e um estado inconsciente de agressividade toma conta da pessoa, independente de sua criação ou pensamento pacifico ou agressivo, todos somos capazes disso. Eu sei que esse é um assunto muito difícil de ser tratado e não cabe a mim julgar quem está certo e quem está errado, meu ponto nem é esse. A ideia que venho martelando é de saber onde está o equilíbrio dessa balança. Dizem os graduados em Direito que a justiça é cega e que sua balança não pende para nenhum lado. Porém a justiça de capa preta nem sempre chega a todos os lugares de um país tão grande. São inúmeros os exemplos na cultura pop de justiceiros encapuzados e mascarados que agem para defender os mesmos favorecidos, desde o Homem-Aranha, o amigo da vizinhança, um garoto que prede bandidos na sua teia e os entrega para polícia, até o Justiceiro, um sociopata que perdeu sua família em um massacre e como vingança, assassina a sangue frio todos que cometem qualquer delito. Nas telas do cinema ou nos seriados da TV isso é muito romântico, em todos esses casos a polícia é contra essa situação e trata o justiceiro como criminoso. E nós público, fãs do herói achamos a polícia burra e cega por não ver o bem que esse personagem faz para a sociedade ao tirar das ruas mais bandidos, afinal bandido bom é bandido morto. Música: Estação da Luz Por trás de toda touca ninja preta há uma vida e por trás de toda vida há uma história. Não estou aqui para defender o crime, longe disso, o fato é que existe um sistema e todo sistema deve ser respeitado. Não é atoa que foi criado, testado, corrigido e é seguido pelos profissionais. Lógico que não é livre de falhas, não vivemos em uma utopia, mas a lei é lei e quem não a segue é bandido independente dos seus motivos. Ou a pessoa que agride alguém por ter roubado está isenta de julgamento por achar fazer a coisa certa? Certo pelo certo cada um tem seus motivos. O pai que bate no filho para corrigi-lo o faz por saber o que é melhor para ele e por ser responsável pela sua criação e educação, agora um pai que espanca seu filho é outra história. O ponto é que o sistema é nosso pai e mãe, todos somos julgados por ele e o devemos obediência, a pena que o estado aplica deve ser a mesma para qualquer indivíduo, essa é a lógica da justiça como eu entendo. Mesmo nos tempo de “olho por olho e dente por dente” era necessário alguém com autoridade para determinar o que deveria ser feito, mesmo já se sabendo que a condenação de quem roubava era ter a mão arrancada, por exemplo. O crime dá IBOPE, está na telinha enquanto almoçamos na sala com nossa família, os grupos de mensagens bombão com fotos e vídeos de pessoas mortas, assassinadas ou espancadas, existe um prazer interno em cada pessoas que propaga esse tipo de coisa. Talvez pense que se o exemplo for dado ninguém mais terá a coragem de praticar tal ato novamente, como quando éramos crianças e os pais nos punham de castigo. O meu sempre vinha e me dizia o porquê de eu estar ali e que se fizesse novamente iria ter o mesmo castigo. A repetição era comum, mas acabei aprendendo que descumprir as determinações geram penas, e que devo arcar com as consequências dos meus atos. Música: Correspondente de Guerra Durante o programa foram mostradas também as famílias de algumas vítimas do júri popular informal. Geralmente pobres, alguns dependentes de drogas. O que me faz pensar. Porque alguém rouba? É fácil pensar que quem roubou deve pagar, mas é difícil para alguém que não conhece a situação do ladrão, saber o motivo. Tudo que é proibido é mais gostoso, você provavelmente já ouviu essa frase relacionada a namoros proibidos pelos pais quando a pessoa é muito nova ou por qualquer outro motivo. Quando a pessoa não pode comer doce, parece que é o que mais ela vai desejar durante a vida. O fato é que existe sim algo de esporte em praticar crimes para algumas pessoas. Mas pensar que todo ladrão é ladrão por que gosta é ser muito raso na análise desse contexto. O famoso ladrão de galinha, que é sobre esse que estou falando desde o início, começa a roubar por desespero, por não ter o que comer, por ver e não ter a possibilidade de ter algo. Eu penso que se você ouve esse podcast, assim como eu, tem o acesso a um celular ou computador, energia elétrica e internet, bem ou mal pode fazer um carnê nas Casas Bahia para comprar uma TV legal ou qualquer coisa que queira. Estou falando aqui de pessoas que não veem um mundo com tantas possibilidades, que passa fome desde que nasce, que recebe o ônus da sociedade. É o fruto da baixada das pulgas da vida real. Roubar, trafica e matar as vezes é a única saída para a sobrevivência. O estado não se preocupa em dar o mínimo necessário para se ter dignidade como cidadão. A TV e internet mostram um mundo do Mágico de OZ, com sapatinhos de cristal e estrada de tijolos de ouro, enquanto a realidade o dá esgoto a céu aberto, doença e buracos de bala na parede. Não será matando mais um bandido que vamos acabar com a criminalidade, não será promovendo um lixamento que daremos o exemplo, pois quem está na situação de precisar cometer um crime, muitas vezes não tem mais nada a perder. Nem mesmo a vida, que já pode ter sido perdida no mesmo dia que nasceu, condenado a uma mazela sem escolha ou opinião. Links de Acesso: https://papodecalcadapodcast.blogspot.com.br/ https://facebook.com/papocalcada/ https://twitter.com/papocalcada/ https://mixcloud.com/papocalcada/ E-mail: papocalcada@gmail.com Feed do Podcast
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