Milhares de estudantes saíram às ruas pelo terceiro dia consecutivo para dizer "não" à recandidatura de Abdelaziz Bouteflika à Presidência, confirmada no domingo. Exército avisa que não tolerará distúrbios à ordem.São já considerados os maiores protestos desde a chamada "Primavera Árabe" de 2011. Milhares de jovens argelinos têm-se reunido, nos últimos dias, em várias cidades do país, incluindo em Argel, Constantine, Annaba e Blida, para impedir um quinto mandato de Abdelaziz Bouteflika. Os jovens clamam por uma nova geração de líderes, com mão firme para combater a corrupção e trabalhar num futuro melhor para o país. "Estamos cansados, as pessoas estão cansadas", afirmou uma manifestante. "A maioria de nós nunca conheceu outro Presidente [a não ser Bouteflika]. É hora de mudar." Face à onda de protestos, o chefe do Estado-Maior do Exército avisou esta terça-feira (05.03) que não permitirá um colapso na segurança do país. Mas os jovens à frente da organização das manifestações garantem que querem alcançar mudanças no país de forma pacífica. "Não pedimos uma mudança parcial, mas uma mudança radical! Rápida e pacífica", afirmou outro manifestante. "Todos concordamos que não vamos usar qualquer tipo de violência. Esta é uma marcha pacífica. Queremos mostrar a todos que somos maduros o suficiente para defender os nossos direitos e expressar o nosso descontentamento de forma civilizada!" Bouteflika promete sair, um ano após eleições A recandidatura do Presidente Abdelaziz Bouteflika, 82 anos, a mais um mandato foi confirmada, no domingo (03.03), na televisão estatal, através de uma carta, lida pelo diretor da sua campanha. No entanto, e em resposta aos protestos no país, Bouteflika prometeu que, caso seja eleito, deixará a Presidência no espaço de um ano e convocará uma "conferência nacional" para organizar eleições antecipadas. Mas estas promessas que não convencem nem os estudantes, que voltaram a sair às ruas, nem a oposição. Num comunicado conjunto enviado à imprensa, os principais partidos da oposição pedem que Bouteflika seja declarado inelegível para as próximas eleições por causa do seu estado de saúde débil. O Presidente argelino está hospitalizado há uma semana na Suíça, sem que tenha sido divulgada a sua data de regresso à Argélia. A oposição pede também o adiamento das eleições presidenciais, marcadas para 18 de abril.
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