Será que a guerra é algo inerente ao ser humano? Vamos divagar brevemente pela história e tentar encontrar pistas.
(As transcrições dos episódios são publicadas diretamente do roteiro, sem revisão, podendo haver ainda erros ortográficos/gramaticais e, assim, pedimos que marquem os erros e deixem uma nota para que possamos corrigí-los)
Ver transcrição completa O ser humano parece estar sempre em busca de algum algum tipo de batalha.
Isso talvez explique o porquê de muitos levarem o futebol tão à sério, é como se fosse uma ilusão criada para que o cérebro interprete toda aquela gritaria, mistura de emoções e, muitas vezes, até pancadaria, como uma guerra.
Outro fator que parece atrair vários corações para a guerra é aquela visão hollywoodiana de camaradagem, aventura, bravura e honra.
Mas fica a dúvida: o homem faz guerras por ser algo inerente a nossa espécie?
Talvez não.
O homem, desde sempre, matou por diversas razões – e provavelmente continuará matando por um bom tempo. Mas isso é homicídio. Guerra já envolve algo social. São grupos se organizando para matar outros grupos. E é essa a questão. O ser humano sempre foi assim?
No momento a arqueologia encontra-se dividida. De acordo com um artigo publicado na Scientific American, de autoria do antropólogo Brian Ferguson, se formos pensar em guerra como uma evolução da nossa propensão em eliminar competidores em potencial, então o ser humano sempre fez guerra. Mas outra parte dos arqueólogos afirma que a guerra é algo mais moderno, onde mudanças sociais criaram meios e motivação para o humano matar coletivamente.
Mas se a guerra não é da natureza humana, quando foi que começou? Ainda não é certo. Mas evidências vem sendo debatidas. Pinturas paleolíticas em uma caverna na França, datadas de aproximadamente 25.000 anos atrás, mostram o que parece ser um grande número de homens se perfurando com lanças. Esss pinturas são debatidas já que muitas figuras tem caudas. Há porém outro grupo de pinturas na península Ibérica datadas de milhares de anos atrás onde mostram claramente uma carnificina.
Tudo isso leva a uma outra questão: o que levou o ser humano a “inventar” a guerra?
Ainda no artigo da Scientific American, muito se estuda sobre determinadas pré-condições para a guerra: a mudança para uma comunidade mais sedentária, crescimento da população, centralização de recursos, elevação da complexidade social, hierarquia, identidade coletiva e demarcação de fronteiras são fatores que criam o ambiente perfeito para a guerra. No entanto, por si só, não causam. Na mesma época em que grupos entraram em guerra numa região, em outra, mesmo havendo todas essas pre-condições, ainda não havia esse tipo de enfrentamento. Irônicamente se tratava da região onde hoje se encontra Israel e Palestina. Naquela época, em cotrapartida, os grupos ali presentes apresentavam também pré-condições para a paz, como cruzamento sanguíneo através de casamentos, cooperação entre os grupos para a caça e agricultura, flexibilidade das normas permitindo que membros trocassem de grupos e regras que estigmatizavam o homicídio e valorizavam a paz.
O ser humano parece ser muito bom, também em promover a paz.
Nos dias de hoje existem guerras por questões políticas, religiosas, econômicas – e até sem motivo aparente. E nas nações que não estão em guerras armadas, as pessoas parecem buscar algum tipo simbólico de guerra, como torcer para futebol, tirar uma empresa concorrente do mercado ou até mesmo se polarizar politicamente para ficar se enfrentando, liderados por chimpanzés populistas que devem dar risada de tudo isso.
E isso realmente faz pensar: será que a guerra está em nossa natureza? Ou simplesmente fomos guiados pelo caminho errado? Vamos casar, derrubar fronteiras, parar de achar qual deus é melhor, ajudar uns aos outros na caça e na agricultura, viajar e ver que a paz também pode ser algo lucrativo e acelerador da ciência e tecnologia.
Recomendo a leitura do artigo da War is not part of the human nature, publicado no site da Scientific American, o link se encontra no post desse episódio em escribacafe.com
Comentarios
excelente podcast! de parabéns