Segundo o governador do Banco Central, o país está melhor do que em abril de 2017, quando avançou que Moçambique caminhava nessa direção. Cidadãos ouvidos pela DW África em Maputo continuam na expetativa.O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, garantiu esta semana que o país está a sair da crise que assola o país desde 2015. Um dos fatores para justificar a sua posição são os progressos alcançados para a conquista de uma paz definitiva. "Tudo isso reforça ainda mais o que nós sabíamos em abril [de 2017] e vai ter impacto na atividade económica, nos investimentos", sublinha. Zandamela fala numa "observação cautelosa e não propagandista" e conclui: "Estamos confrontados com as medidas que tínhamos ancorados nessa decisão de que finalmente estamos de saída lenta da crise." Esperar para ver Face a esta "boa nova" a DW África saiu à rua para aqueles que sentem na pele a crise económica. Para Paulo Muthisse, transportador de longo curso, o pronunciamento do governador do Banco de Moçambique é positivo. "Esperamos que haja melhorias este ano, porque no ano passado houve muita coisa que não conseguimos. Acredito que isso poderá recuperar a nossa imagem junto com a banca. Entretanto vamos fazer o melhor e os nossos discursos têm de nos dar segurança", afirma. Vitória Machava está no negócio dos frangos, mas já pensa em abandonar esta atividade. Não acredita que o país está de saída da crise. "O que eu apelo ao nosso Governo é que baixe os preços que estão muito elevados. Dependemos da alimentação para sobrevivermos e tudo subiu de preço", pede. O ano de 2018 foi projetado como sendo aquele em que os moçambicanos deverão apertar-se cada vez mais com o anúncio de mais medidas de austeridade. Timóteo José, importador informal, vulgo mukherista, refere que o país terá também de alcançar uma paz definitiva para permitir ter bons indicadores económicos: "A esperança que temos é de que tudo volta ao normal, mude e pare de vez, para Moçambique continuar a desenvolver". Jeremias António, funcionário público, afirma que o fim da crise não mudará nada porque já em março haverá um agravamento da tarifa do transporte."Não resolve nada, mas se ficou assim decidido não temos como. O transporte vai subir e nós agora pagamos mais do que o preço a ser agravado", lamenta. Jeremias frisa que "o moçambicano sabe batalhar e se o Governo olhasse para os mais pobres seria outra coisa". Nas últimas duas semanas, segundo Rogério Zandamela, o Banco de Moçambique encaixou 100 milhões de dólares para as reservas internacionais. De janeiro a maio, comprou das instituições de crédito mais de 600 milhões de dólares, o que permitiu totalizar mais de dois mil e 342 milhões de dólares, montante capaz de cobrir mais de seis meses de importações de produtos e serviços não fatoriais.
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