Desde que assumiu o poder, há um ano, Fernando Bambo, presidente do Conselho Municipal de Maxixe, província moçambicana de Inhambane, nunca viveu na residência protocolar. Na cidade suspeita-se de atos de superstição.A reabilitação da residência oficial do edil já foi concluída, mas informações colhidas nos bastidores dão conta de que uma suposta feitiçaria terá levado Fernando Bambo a optar por ficar a residir sua casa particular – o que acarreta custos adicionais para os cofres do Estado e viola a lei autárquica. Simeão Uelemo, chefe da bancada da RENAMO na Assembleia Municipal, culpa o partido no poder, a FRELIMO, por permitir transformar a residência privada do edil em casa protocolar. A residência teve de ser reabilita e equipada com nova mobília, novo sistema de abastecimento de água e energia, além de aumento do número de trabalhadores. Segundo apurou a DW África, isso seria passível de punição prevista pela lei autárquica. O caso incomum leva Simeão Uelemo a desconfiar que o presidente cessante tenha deixado um feitiço na residência oficial. "Teria deixado feitiço. Não sei, ele é o terceiro que deveria estar a viver naquela casa protocolar. Significa que provavelmente a bancada da FRELIMO tenha permitido ao presidente viver em sua casa para pagar a sua própria casa, sem aprovação da Assembleia unicipal. Mas isso é punido pela lei", lembra. Residência oficial já foi reabilitada A reabilitação da residência oficial do edil de Maxixe já custou aproximadamente 9 milhões de meticais (mais de 126 mil euros). José Sinequinha, chefe da bancada do MDM, a segunda maior força da oposição, considera estranha a atitude do atual edil, já que nos últimos meses da anterior administração a residência já tinha sido reabilitada. "Tanto quanto nós sabemos no mandato anterior, diz-se, segundo os orçamentos aprovados, que foi reabilitada. É estranho que ainda no início deste mandato a casa tenha que voltar a ser reabilitada", diz. Albino Massada Armindo, chefe da bancada da FRELIMO, também acha estranha a situação e nega haver questões ligadas a superstição ou feitiçaria. "Reabilitar é o que se faz normalmente numa casa. Não existe nenhum indicio de questões de superstição sendo uma do Estado tem que ter uma boa conservação”. David Massochua, académico e residente da Maxixe, acredita que é preciso haver uma auditoria para se apurar as reais causas que levam o edil não viver na residência oficial: "Podemos procurar perceber se ele tem um ganho por detrás disso ou não, onde está a a viver e quais são os encargos que o município tem em torno da residência onde esta residir atualmente”. A DW África tentou, sem sucesso, falar com o presidente do Conselho Municipal da cidade de Maxixe, tendo sido indeferido o pedido de entrevista a Fernando Bambo.
Comentarios