Bispos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) enviam ao regime angolano recados sobre eleições gerais. Em comunicado, pedem ainda maior responsabilidade às autoridades.No comunicado pastoral, lido pelo bispo de Namibe, Dom Dionísio Essilenapo, a Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) começa por afirmar que Angola precisa de um Governo que não governe apenas para uma elite privilegiada. "Angola precisa que quem governa seja competente e governe para todos e não apenas para aqueles que o elegerem e, pior ainda, para uma elite de privilegiados. Precisa igualmente de uma oposição forte que obrigue quem governa a dar o melhor de si em prol do bem de todos”, afirma. Segundo ainda Dom Dionísio Essilenapo, "a democracia não é a ditadura da maioria, deve procurar o consenso, deve valorizar-se as contribuições das minorias, cujos direitos têm de ser sempre respeitados no quadro do Estado Democrático e de Direito”. Maior responsabilidade Os líderes da Igreja Católica de Angola e São Tomé, reunidos desde o passado dia 20 de março, na província de Benguela, solicitam maior responsabilidade por parte das autoridades para que as eleições decorram dentro da normalidade. "Os responsáveis políticos e partidários devem assegurar a máxima transparência de todas as fases do processo eleitoral para que decorra de forma pacífica e a sua credibilidade não seja colocada em questão.” Sobre a conduta dos órgãos de comunicação social públicos na cobertura eleitoral, os bispos da CEAST constataram que os órgãos de comunicação social públicos têm sido excessivamente parciais e tendenciosos a favor do partido do Governo, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). "Para a sua credibilidade, devem desempenhar o seu papel, extremamente importante, ao longo de todo o processo eleitoral, com rigor e isenção, garantindo o acesso à informação sobre os diferentes candidatos e programas políticos. O direito à informação plural é um dos pilares fundamentais de qualquer sistema democrático e essencial para a consolidação da nossa democracia”, afirmou. Contra violência verbal Neste comunicado, a igreja Católica não deixou de manifestar igualmente a sua preocupação sobre a tendência de violência verbal que se regista entre os candidatos e os partidos políticos concorrentes às eleições. "Devemos acautelar que não se fale ao respeito pela diversidade de opções que é construtiva do sistema democrático. Preste-se atenção para que nenhuma situação leve a qualquer tipo de violência (verbal, física, psicológica)”, leu Dom Dionísio Essilenapo. "No respeito pela reconciliação nacional, evite-se recordar desnecessariamente episódios tristes da nossa historia recente, que nem sequer fazem parte da experiencia de muitos eleitores. Seria insensatez abrir feridas que estão a cicatrizar”, apela a CEAST.
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