Nos Gambos, castigados pela seca, cidadãos dizem que os governantes que têm fazendas na região estão a monopolizar a água que deveria servir a todos.Em Angola, há uma luta pela água no município dos Gambos, na província da Huíla, no sul do país. A seca tem levado a desavenças entre populares e fazendeiros. Os cidadãos acusam os fazendeiros de quererem monopolizar água que serve há muitos anos como fonte para mais de mil habitantes. Segundo José Daniel, um dos populares, o governador da Huíla, João Marcelino Tchipingui, que também é fazendeiro, é um dos interessados. Em protesto, a população bloqueou, recentemente, o acesso à água. "Se quiserem tirar água têm de chamar o povo do Nguelengue, para nos dizerem qual é o acordo que têm. Caso contrário, vão tirar água do rio [Caculuvare]", diz José Daniel. Área é da Igreja Católica O padre Jacinto Pio Wakussanga também protesta e lembra o governador João Marcelino Tchipingui e os fazendeiros que a zona onde há água pertence à missão católica do Tchiyepepe. "Eles querem retirar daqui água para poderem levar para as suas fazendas e dar algumas migalhas a algumas pessoas, sustentando ser um projeto da população, o que não é", afirma Wakussanga, acrescentando que a área "é território da missão". O líder religioso ressalta que "o grosso desta comunidade faz parte de um grupo minoritário defendido em protocolos das Nações Unidas". Políticos e fazendeiros O diretor da Associação Construindo Comunidades (ACC), uma organização cívica que opera na região, Domingos Fingo, diz que a maior dificuldade na mediação do conflito é o facto de alguns fazendeiros também serem governantes. "O direito administrativo é claro e peremptório ao afirmar, em várias clausulas, que os representantes do Governo devem única e exclusivamente fazer aquilo que está previsto na norma legal e não aquilo que depende dos seus caprichos. Por isso, quando alguém é governante deve saber defender interesses coletivos e não privados ou particulares", refere. Mas o Governo provincial da Huíla, através do diretor provincial da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Lutero Campos, minimiza a situação. O diretor do Governo também elogia a relação com os cidadãos dos Gambos. "Não temos razão de queixa e vamos melhorando cada vez mais, pois estamos a caminho para a excelência".
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