Teka Ntu afirma que a Aliança Nacional Patriótica é o partido da nova geração em Angola. O responsável nega semelhanças entre bandeira do seu partido e a da UNITA e afirma que a APN está pronta para governar em 2022.O sorteio realizado a 6 de junho, em Luanda, pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), colocou na segunda posição do boletim de voto para as próximas eleições em Angola, que decorrem a 23 de agosto, a Aliança Nacional Patriótica (APN), a nova força política que resultou da "refundação da Nova Democracia-União Eleitoral (ND-UE)” extinta, pelo Tribunal Constitucional, à luz da Lei dos Partidos Políticos. Teka Ntu é o secretário nacional para as relações exteriores desse partido angolano e seu diretor adjunto da campanha para as eleições. Teka Ntu é assistente social, vive há mais de 32 anos na Alemanha, residindo, atualmente, em Essen (oeste da Alemanha), e já está de malas prontas para seguir para Angola. Em entrevista à DW África, afirmou que ocupa o sétimo lugar na lista da APN dos candidatos a deputados. DW África: O que pretende o seu partido atingir ao participar nas eleições gerais de agosto em Angola? Teka Ntu (TN) : Queremos surpreender a população angolana equilibrando o Parlamento, e assim acabar com a maioria absoluta, ou seja, a ditadura parlamentar vigente há anos em Angola. DW África: Quando fala de surpreender os angolanos, o que isto quer dizer? TN: Somos um partido com mais de 300 mil militantes, dos quais 70% são jovens. Queremos motivar a juventude angolana e darmos juntos um grande passo em frente para equilibrar, em termos de tendências políticas, o Parlamento angolano. DW África: Porque o Parlamento angolano está desequilibrado, na medida em que, com a grande maioria do MPLA, a oposição, em minoria, não consegue avançar com muitas ideias, projetos… TN: É precisamente isto. Sem este equilíbrio que defendemos será cada vez mais difícil à oposição fazer valer as suas exigências em vários domínios, nomeadamente, melhor governação. DW África: Que críticas o seu partido faz à governação do Presidente José Eduardo dos Santos e à prestação no Parlamento dos deputados do MPLA? TN: Estamos a viver um período difícil, nomeadamente, [ao nível da] economia, mas um [outro] problema que também nos incomoda muito é a questão da pobreza no seio da população angolana. A população sofre muito, embora Angola seja um país rico. Deve haver mais respeito pela população. Infelizmente estamos a atravessar um período em que o dinheiro do país está a ser escondido (desviado) e utilizado em outras áreas que não tem beneficiado muito a vida da população. DW África: A corrupção nomeadamente? TN: O Governo não está a fazer muita coisa, no que diz respeito ao combate à corrupção, mas também existe uma ausência de políticas para se acabar com a fome e a miséria no país e falta a separação de poderes entre o executivo e o judicial. DW África: E em relação ao respeito pelos direitos humanos? TN: Acho que no início foi um pouco difícil, mas atualmente a situação é bem melhor, quase perfeita. No entanto, defendemos que a oposição tem pela frente ainda uma grande tarefa no sentido de defender cada vez mais as suas ideias sobre os direitos humanos em Angola. DW África: A oposição, quer dizer o seu partido, a APN? Não acha que vai ser uma dura batalha para conseguir "derrubar” o MPLA? TN: Nada é impossível. Basta a oposição fazer o seu papel de forma conveniente, evitar as querelas entre os partidos e o que chamamos oposição por oposição. Se juntarmos as nossas forças podemos atingir o nosso objetivo que é o de equilibrar o Parlamento angolano ou também mudar o poder em Angola. DW África: Muitas fontes dizem que a APN não é mais do que uma criação do MPLA com o único objetivo de dividir os votos das próximas eleições. Que resposta dá a essas afirmações? TN: Nunca fomos e nem seremos produto do MPLA. Nascemos das cinzas da antiga coligação denominada ND (Nova Democracia) e hoje estamos presentes na cena política angolana como o partido da nova geração. DW África: E de onde são oriundos os fundos financeiros para a manutenção da APN na cena política de Angola? TN: Como disse, somos um partido com mais de 300 mil membros, e portanto, as fontes de financiamento são as quotas dos militantes, donativos e algumas contribuições dos seus dirigentes. Mas continuamos a angariar mais membros para que, em 2022, a APN ganhe as eleições e possa formar Governo. DW África: A APN quer governar o país só em 2022? Então porquê participar no pleito eleitoral de agosto de 2017? Para perder? TN: (Risos) Não. Estamos com o principal objetivo de equilibrar o próximo Parlamento angolano e prepararmo-nos bem para 2022, onde iremos ultrapassar a meta e governar Angola. DW Africa: A UNITA já acusou a APN de utilizar cores semelhantes às da sua bandeira para, precisamente, confundir o eleitorado. O Partido do Gala negro até chegou a apresentar uma queixa sobre este assunto no Tribunal Constitucional. O que nos diz sobre este imbróglio? TN: Não existe nenhuma semelhança entre a bandeira da UNITA e a da APN. Aliás, este caso foi julgado pelo Tribunal Constitucional que considerou a queixa da União Nacional para a Independência em Angola (UNITA) como improcedente. Recorde-se que a APN concorre às eleições gerais de 23 de agosto com outras cinco formações políticas - MPLA, UNITA, CASA-CE, PRS e FNLA -, situando-se na segunda posição no boletim de voto. Angola vai realizar eleições dentro de dois meses e conta para o efeito com um número de 9.317.294 eleitores, segundo dados oficiais que o Ministério da Administração do Território entregou à Comissão Nacional Eleitoral.
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