Como já observamos, Deus vê e ouve pessoas em aflição e dificuldade. Na maioria das vezes, nos Salmos, vemos o clamor de pessoas que confiavam em Deus, mas não viam a justiça sendo feita. As afirmações sobre a bondade, a justiça e o poder de Deus pareciam sufocadas diante da injustiça e opressão vivenciadas e observadas pelas vozes desses cânticos. No entanto, esses são os hinos dos que ainda estavam cantando.
Nem sua vida nem sua fé haviam se extinguido. Ainda havia esperança; e a urgência era que Deus agisse antes que fosse tarde demais, antes que o mal triunfasse, antes que os oprimidos fossem destruídos pelo peso do mal trazido contra eles. Dessa maneira, os escritores dos Salmos tentaram preencher a lacuna entre as declarações de sua fé e as provações e tragédias da vida.
1. Leia o Salmo 9:7-9, 13-20. Com base no texto, você imagina as circunstâncias em que Davi estava? Pode sentir a tensão entre sua fé na bondade de Deus e sua experiência? Como fica sua fé em meio às provações?
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Ao longo dos Salmos, a repetida resposta a essa tensão é a esperança e a promessa do bom e justo juízo de Deus. O mal e a injustiça parecem triunfar por enquanto, mas Deus julgará os malfeitores e os injustos. Eles serão punidos, enquanto os que eles feriram e oprimiram serão restaurados e renovados. Na obra Lendo os Salmos, C. S. Lewis descreveu sua surpresa inicial com o entusiasmo e o anseio pelo juízo de Deus expressados repetidamente nos Salmos.
Observando que muitos leitores da Bíblia hoje consideram o juízo como algo a ser temido, ele considerou a perspectiva judaica original e escreveu: “Centenas e milhares de pessoas que foram despojadas de tudo o que possuíam e que tinham o direito inteiramente ao seu lado seriam, por fim, ouvidas. É claro que elas não temiam o juízo. Sabiam que seu caso era inquestionável – desde que conseguissem ser ouvidas. Quando Deus viesse, sua causa, por fim, seria julgada” (C. S. Lewis, Lendo os Salmos [Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2015], p. 19).
Nos Salmos, vemos esperança para os oprimidos, mesmo agora, em meio a seus sofrimentos e decepções. Quais razões temos para considerar a ideia de juízo uma coisa positiva e não algo a ser temido?
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