África jubilou quando, em 2008, Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos. Agora que está de saída da Casa Branca é hora de fazer um balanço das políticas de Obama para África.Multidões em êxtase encheram as ruas de Accra, capital do Gana, durante a primeira visita de Barack Obama ao continente africano como Presidente dos Estados Unidos, em 2009. No Parlamento, o Presidente norte-americano, filho de pai queniano, lembrou as suas raízes. Obama pediu aos africanos que tomassem as rédeas do seu destino, eliminassem a corrupção e exigissem responsabilidade aos seus líderes. Avisos vão perdurar Para Alex Vines, que dirige o programa africano no instituto de pesquisa britânico Chatham House, este foi "um discurso muito influente naquele momento particular”. "Alguns desses pensamentos e avisos vão perdurar, mesmo que neste momento não estejam tão em voga”, acrescenta Vines. O entusiasmo não abrandou. Barack Obama continuou a arrastar grandes multidões nas visitas que se seguiram ao continente. Ainda assim, muitos africanos estão desiludidos com o seu desempenho. Sentem que Obama não cumpriu muitas das promessas que fez nos seus discursos.O analista político queniano Martin Oloo relativiza: "De zero a dez, dou-lhe um seis. Seis, porque ele percebeu os problemas de África”. O analista considera ainda que o Presidente americano esteve também "constrangido” por outras questões do continente, como "a falta de prestação de contas, a má governação e os desafios da liderança”. "Uma liderança que não é recetiva”, acrescenta Oloo. Mais atenção para África depois de 2012 Com uma crise económica latente nos Estados Unidos, o aumento do desemprego e os focos de problemas externos como as guerras no Afeganistão e no Iraque, Barack Obama nem sempre teve tempo para África nos primeiros anos de governação. Mais tarde, tentou redimir-se.Em 2012, lançou uma nova estratégia africana, classificando o continente como uma potencial história de sucesso económico. Um ano depois, foi ao Senegal, à África do Sul e à Tanzânia. Em 2015, visitou finalmente o Quénia, a terra do seu pai. Foi também o primeiro Presidente dos Estados Unidos a discursar na União Africana. Durante este período, o Governo norte-americano enviou também forças especiais a África em busca do "senhor da guerra” ugandês Joseph Kony. Destacam-se também as intervenções na crise do Sudão, especialmente para salvar o referendo à independência do Sudão do Sul, em 2011. Obama foi igualmente alvo de críticas por parte das organizações de defesa dos direitos humanos, condenando a cooperação dos serviços secretos norte-americanos com países como o Sudão e a Etiópia. Ao mesmo tempo, continuou a levar a cabo ataques com drones contra alegados extremistas islâmicos na Somália, tal como o seu antecessor, George W. Bush. Cimeira Estados Unidos - ÁfricaEm agosto de 2014, Barack Obama foi anfitrião da primeira cimeira Estados Unidos-África que juntou cerca de 50 líderes africanos em Washington. Na ocasião, o líder norte-americano enalteceu África como um continente de oportunidades e anunciou um pacote de investimento de 31 mil milhões de euros. Este foi, defende Alex Vines, um sinal de viragem. "Este apoio foi uma mudança do foco da política norte-americana, do humanitarismo e do contraterrorismo para o ênfase em África como um continente do futuro, mas também de comércio e crescimento”, afirma. Para Vines, é clara a parte do legado de Obama que será lembrada em África: o comércio, mais do que o apoio ou a segurança.
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