Domingos Alberto estudou e trabalhou na antiga Alemanha de Leste. Dirige hoje o Departamento de Inspeção de Recursos Minerais no Niassa, no norte de Moçambique. Nunca conheceu o filho que deixou na Alemanha.Domingos Alberto estudou na Alemanha em 1987. Conseguiu uma bolsa graças à cooperação entre Moçambique e a ex-República Democrática Alemã (RDA). "Chegando lá, o sistema era o socialismo e a escola onde estudei pertencia a uma empresa, a VEB Erdöl-Erdgas Grimmen", que fazia prospeção de petróleo e gás natural, conta. O moçambicano tinha aulas teóricas e práticas: "fazíamos depuração dos poços e também documentávamos os furos que eles perfuravam na altura." Mas em 1990, o ano da reunificação da Alemanha, Domingos Alberto regressou a Moçambique. Ajuste a nova realidade A adaptação foi difícil, sobretudo por causa das condições políticas que encontrou no país. "O sistema político já era diferente", refere Domingos Alberto. Além disso, o ex-bolseiro tinha um trabalho diferente. "Em vez de aplicar aquilo que estudei lá na Alemanha, passei a fazer trabalhos administrativos e não o trabalho técnico de ir ao campo, abrir furos, fazer a colheita de amostras e ir ao laboratório. Passámos a fazer outro trabalho, a controlar se as empresas estão a cumprir com as normas das licenças." Hoje, Domingos Alberto trabalha no Departamento Provincial de Inspeção de Recursos Minerais do Niassa. Entretanto, resolveu estudar Direito, para "se adequar melhor à realidade do setor". O moçambicano diz que valeu a pena ter estudado na Alemanha. "Estudar não ocupa lugar, aprendi muita coisa sobre geologia", refere.fplatz Mas, na Alemanha, deixou o filho primogénito, que nasceu no ano em que se foi embora. Em 2017, tentou encontrar-se com ele, mas não conseguiu. "Ele só sabe que o pai é um moçambicano", conta. "Os amigos dele tentaram surpreendê-lo, de modo a que eu fosse lá participar no casamento dele, mas, quando cheguei a Maputo, na Embaixada alemã foi muito complicado. Não consegui tratar dos documentos." Conhecer o filho é um sonho que Domingos Alberto, hoje com 57 anos, ainda gostaria de concretizar.
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