Na batalha contra a pandemia, especialistas da USP estão usando a robótica como arma de defesa. Além de ser cogitada para ajudar na luta diária de profissionais da saúde, está também orientando o cidadão em quarentena no Brasil. Segundo uma comparação feita pela BBC News Brasil, a partir de dados compilados pela Universidade de Oxford, o Brasil é um dos países que menos realizam testes para detectar a doença. Foi pensando na carência de testes disponíveis para a população e na necessidade de manter a quarentena, que o pesquisador Murilo Gazzola, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP de São Carlos, desenvolveu o Check Corona.
Esse robô, disponibilizado através do Whatsapp, orienta o cidadão a identificar quais medidas devem ser tomadas com base nas respostas sobre rotina e sintomas recentes, seguindo as recomendações do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, responsável por ajudar os países da União Europeia a preparar a resposta a surtos de doenças. O projeto conta ainda com parceria da Startup Otwoo, especializada em robôs digitais inteligentes e em processamento de linguagem natural, uma área da Inteligência Artificial que estuda a capacidade e as limitações de uma máquina em entender a linguagem dos seres humanos.
A falta de testes para a população dificulta calcular a disseminação do vírus pelo País, prejudicando a elaboração de medidas efetivas contra o coronavírus. Para Gazzola, o Check Corona pode ser uma importante ferramenta para monitorar os diferentes casos, além de diminuir as subnotificações, ao oferecer dados mais atualizados e poder servir, por exemplo, como fonte para pesquisas. Para utilizar o robô e realizar o teste online, basta adicionar o número +55 16 98112-8986 no seu WhatsApp e enviar uma mensagem que diga “CheckCorona”.
Dos estúdios de cinema para o laboratório de robótica, um grupo de pesquisadores do ICMC da USP, em São Carlos, junto com a startup 3D Soft, criou um novo tipo de robô para auxiliar na distribuição de medicamentos e refeições aos pacientes. O robô funciona utilizando um conjunto de sensores que permite que ele se oriente pelo ambiente de forma autônoma, traçando rotas e desviando de obstáculos.
O robô pode ajudar a diminuir o risco de disseminação do vírus na entregas de refeições, já que limita as idas do profissional de saúde ao leito do paciente, como explica Elaine Gomes da Silva, nutricionista no Hospital Universitário de São Carlos: “Os pacientes se beneficiariam de uma entrega mais rápida, desde que a gente conseguisse manter condições de higiene, de temperatura desse elemento, de posicionamento desse elemento sobre o paciente, entrega de toalha e entrega de outros itens pessoais.” Para Elaine, o robô pode auxiliar também na comunicação do paciente com seus familiares e entes queridos, uma vez que essas pessoas estão em isolamento.
Para que o projeto seja executado em hospitais, a equipe possui o desafio de adaptar o robô para um ambiente real, fora das simulações, como explica Daniela: “Os próximos passos, então, são tanto continuar com o desenvolvimento tecnológico, adaptar esses algoritmos que estão funcionando na simulação para fazer testes com hardware do robô em um ambiente real, porque tem toda uma questão de ruído nos sensores que a gente vai ter que lidar pra conseguir aperfeiçoar esses algoritmos, e também a questão de conversar com profissionais da saúde para entender melhor deles o que eles precisam e como realmente colocar isso nos hospitais.”
Ouça o podcast na íntegra com reportagem de Gabrielle Abreu.
Momento Tecnologia
Edição de roteiro: Denis Pacheco
Edição de som: Guilherme Fiori
Edição geral: Cinderela Caldeira
E-mail: ouvinte@usp.br
Horário: Quinzenalmente, terças-feiras, às 8h05
O Momento Tecnologia vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, segundas-feiras, às 8h05 – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast
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