Eleitores franceses voltam às urnas para eleger novo chefe de Estado. Têm duas opções: Ou o centrista Emmanuel Macron, vencedor na primeira volta das presidenciais, ou a candidata de extrema direita Marine Le Pen.Os candidatos à Presidência francesa representam "mundos" opostos. Um deles, o centrista Emmanuel Macron, é liberal, pró-Europa e considerado como "um produto da elite", bem-visto no meio empresarial. A desafiá-lo está a candidata de extrema-direita Marine Le Pen, anti-imigração, antissistema e anti-Europa, do agrado das classes populares. "Não são apenas duas personalidades, dois projetos, mas duas conceções da França, da Europa e do mundo", resumiu o chefe de Estado cessante François Hollande. Ao longo da campanha presidencial, Le Pen usou métodos semelhantes aos do Presidente norte-americano Donald Trump para impressionar o eleitorado: inflamou medos e prometeu um retorno a alegados bons velhos tempos, declarando repetidamente nos seus comícios que "as fronteiras nacionais serão reerguidas!" Já o centrista Emmanuel Macron defende fortemente a permanência da França no bloco europeu. Em janeiro, numa conferência em Berlim, Macron disse que defende "uma Europa dos Estados soberanos". "Não posso relegar a ideia da soberania à extrema-direita ou esquerda, com as mentiras deles", acrescentou o candidato. No "centro" está a virtude? Os eleitores franceses estão, sobretudo, preocupados com a taxa desemprego de 10% e o declínio da qualidade de vida, segundo os inquéritos feitos na última semana. Em segundo lugar na lista de preocupações surgem a situação de segurança no país e a ameaça do terrorismo. Até agora, as soluções de Macron parecem convencer a maior parte dos eleitores: o candidato centrista aparece como o favorito nas sondagens, com cerca de 60% das intenções de voto. "Macron é algo de novo na política francesa", explica o politólogo franco-alemão, Alfred Grosser. "Sou totalmente a favor dele, pois ele diz que, quando uma proposta vem da direita e é boa, deve ser levada em consideração; e quando se trata de uma proposta da esquerda, também deve ser considerada. Ele posiciona-se no meio, o que é muito incomum nas eleições presidenciais em França". Esta quarta-feira, no último debate televisivo antes da segunda volta das presidenciais, Marine Le Pen e Emmanuel Macron trocaram duros ataques na tentativa de conquistar os eleitores indecisos. Le Pen acusou o centrista de ser "complacente com o terrorismo islâmico", afirmando ainda que o candidato daria continuidade ao mandato do atual Presidente, François Hollande. Já o Macron acusou a rival de estar a esconder um projeto para aumentar os impostos e financiar as suas ambições nacionalistas, acrescentando: "Você faz a guerra contra o terrorismo na televisão, mas cada vez que há propostas no Parlamento Europeu, você não as vota". Numa sondagem divulgada após o final do debate, o candidato centrista foi considerado mais convincente do que a rival por 63% dos entrevistados; 34% escolheram Le Pen. Prevê-se que a taxa de abstenção possa ultrapassar os 22% nas eleições de domingo.
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