LAM não tem dinheiro para abastecer os seus aviões. A maioria dos voos estão a ser cancelados, deixando centenas de clientes desesperados. Mas o órgão regulador garante que a segurança dos voos ainda não está afetada.Há cerca de uma semana que a LAM, Linhas Aéreas de Moçambique, está um caos. Centenas de passageiros tem ficado em terra devido a falta de combustível. A companhia aérea nacional não tem dinheiro para comprar a matéria prima fundamental para o seu funcionamento. E como a LAM não honrava os compromissos com os fornecedores, hoje só consegue o bem a pronto pagamento. A dificuldade no pagamento foi assumida pela própria empresa num comunicado emitido nesta quarta-feira (04.07.). Contactamos a LAM e a resposta do assessor de comunicação, Norberto Mucopa, foi a seguinte: "Neste momento temos os nossos executivos reunidos com os acionistas [em busca] de uma solução e não lhe posso dizer nada antes do encontro terminar, para ver o que é conclusivo." Regulador garante que segurança não está em perigo Tecnicamente é possível que uma companhia nessas condições continue a operar? Colocamos a questão ao diretor do órgão regulador, o Instituto Nacional de Aviação de Moçambique (IAMC). E o comandante João Abreu esclarece antes que "há dois aspetos que devem ser divididos: primeiro, um aspeto que possa afetar a segurança operacional e segundo, um aspeto de contratos de serviços com outra entidade." E Abreu distancia-se no seguinte ponto: "Nós não sabemos exatamente os contornos, só a LAM poderá dizer", mas garante, no que lhe diz respeito: "O que nós acautelamos é que, sob o ponto de vista operacional está tudo acautelado, que não há nenhum perigo que possa afetar a segurança do voo. Se a LAM tem alguma questão com as gasolineiras, que são apenas duas em Moçambique, isso só ela é que pode responder." O diretor do IACM promete: "E se nós sentirmos indícios que possam afetar a segurança logicamente que suspendemos o certificado do operador." LAM deve continuar a funcionar, defende economista Há anos que a LAM vive crises, a pior delas financeira que se vai agudizando a cada dia. A empresa já passou pelas mãos de vários conselhos de administração, mas parece que a solução não passa apenas pela competência dos gestores. Só a falta de combustível leva qualquer cérebro a concluir que a LAM não conseguirá fazer jus ao seu lema "estamos sempre a subir". Perguntámos ao economista Alfredo Mondlane se faz sentido que uma empresa em situação tão decadente como a LAM insista em funcionar: "Em termos sociais, sim, faz sentido, porque é a nossa bandeira. Não podemos deixar de transportar os nossos concidadãos moçambicanos." Mas o economista sublinha quer "o mais importante é que haja um plano de curto, médio e longo prazos para que a LAM saia desse buraco financeiro. É preciso que haja reestruturações internas, racionalização de custos e garantir transparência na gestão da empresa para evitar essa fuga de capital interno." Mondlane lembra que também há quem penalize a LAM: "Parece-me, segundo informações, a LAM vai atribuindo bilhetes sem haver cobrança desses bilhetes. Há clientes que não pagam a LAM e em contrapartida a LAM acaba ficando com dificuldades na sua liquidez, porque também tem faturas por pagar." Também há problemas técnicos Entretanto, o caos que se vive na companhia aérea nacional não se deve apenas a falta de combustível. Manuel de Araújo, edil de Quelimane e utilizador dos serviços da LAM, conta a história que viveu nesta segunda-feira (02.07.), devido a problemas técnicos, segundo lhe foi Informado. "Foi uma situação bastante constrangedora, o voo Maputo-Quelimane estava marcado para às 13:15 só saiu por voltas das 16 horas. E como no dia anterior o voo fora cancelado havia uma multidão de pessoas na sala de embarque e só no avião é que nos disseram que o voo passaria por Nacala", relata o passageiro. E Araújo prossegue: "Chegados a Nacala o avião avariou e o mesmo aparelho já tinha avariado em Nacala dois dias antes. Ficamos duas horas dentro do avião e o piloto teve de se fazer de mecânico e fechar o motor, desligou todo o sistema, incluindo o ar condicionado e só depois de duas horas o avião pegou e nós arrancamos para Quelimane. E em Quelimane a mesma situação voltou a acontecer..."
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