Após a tragédia ocorrida em Brumadinho, Minas Gerais, muito se questionou o porquê a empresa Vale e os governos Estadual e Federal não tomaram atitudes preventivas contra desastres envolvendo barragens de mineração, depois do ocorrido em Mariana, também em Minas Gerais. Nos dois casos as barragens eram do tipo “a montante” que são consideradas pelos especialistas como a menos segura, tanto que países como o Chile proibiram o uso do método. Segundo o especialista em barragens e presidente da Federação Brasileira de Geólogos, Fabio Augusto Reis, este tipo de técnica é problemática e deveria ser proibida no Brasil.
Mas esse não é o único problema envolvendo as barragens no país, seja de mineração ou de água. No Brasil, há apenas 35 funcionários para fiscalizar quase 800 barragens de rejeitos de minérios, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM). De acordo com o presidente da Federação Brasileira de Geólogos, Fabio Augusto Reis, algumas unidades da ANM não têm dinheiro para o combustível das viaturas fiscalizadoras. O especialista em barragens cita o exemplo do estado de São Paulo, que conta com mais de 7 mil barragens, a maioria de água, e tem apenas 19 funcionários para verificar a situação dessas estruturas.
Por lei, as responsáveis pelas barragens são as empresas, que devem passar para os órgãos fiscalizadores as situações das estruturas. No entanto, o professor Fabio Augusto Reis informa que o sistema nacional recebeu dados de apenas 190 barragens das 7 mil que existem no estado de São Paulo, e dessas, somente 7 foram reportadas com a categoria de risco. “Está ocorrendo um problema”, conclui.
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