Presidente moçambicano diz que auditoria às dívidas ocultas contribuirá para melhorar os mecanismos de gestão no país e restaurar a confiança dos parceiros. FMI espera que os resultados sejam divulgados ainda este mês.O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse este fim-de-semana que a auditoria da consultora Kroll às chamadas "dívidas ocultas" ajudará a apurar responsabilidades. "As conclusões do relatório de auditoria independente e internacional irão contribuir para o aprimoramento das ações do Governo já em curso no que concerne aos mecanismos de gestão, transparência de contas públicas e responsabilização", afirmou Nyusi. A consultora norte-americana foi escolhida em novembro de 2016 para conduzir uma auditoria às empresas Proindicus, EMATUM (Empresa Moçambicana de Atum) e MAM (Mozambique Asset Management), que contraíram dívidas num valor superior a dois mil milhões de dólares com garantias do Executivo, sem o conhecimento do Parlamento. A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou, no sábado (13.05), ter recebido no dia anterior o relatório da auditoria, após três adiamentos, mas acrescentou que estava a proceder à sua análise e verificação para aferir da sua conformidade com os termos de referência. Num comunicado divulgado em Maputo, a Procuradoria promete partilhar com o público os resultados da auditoria, o mais breve possível, mas não indica uma data. Para quando os resultados? O representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Moçambique, Ari Aisen, saudou a entrega do relatório e disse esperar a publicação de um resumo da auditoria até ao final deste mês. A PGR já adiantou que, na divulgação dos resultados, será salvaguardado o segredo de justiça, uma vez que o caso ainda se encontra em instrução preparatória. A instituição admitiu, no ano passado, a existência de indícios de "uma violação da legislação orçamental e no que diz respeito à não observância dos limites e dos procedimentos legais" na concessão das garantias pelo Governo. Ainda segundo a PGR, estas ações configurariam "um ilícito criminal na forma de abuso de cargo ou função". O Presidente Filipe Nyusi sublinhou que confia nas instituições moçambicanas e reafirmou a sua abertura para cooperar: "Reafirmamos a disponibilidade do Governo de Moçambique em continuar a conceder todo o apoio que se julgar necessário para a conclusão deste processo conduzido pela Procuradoria-Geral da República", disse. Confiança dos parceiros A descoberta em abril de 2016 das dívidas ocultas levou o FMI e 14 doadores internacionais a congelarem a ajuda ao Orçamento Geral do Estado moçambicano até à conclusão de uma auditoria independente e internacional. Para o chefe de Estado, os progressos registados no restabelecimento da paz efetiva e as medidas em curso de correção macroeconómica são determinantes para restaurar a confiança junto dos parceiros e investidores. "Convidamos os parceiros de cooperação não só a apoiar essas reformas como também a retomarem de forma plena a sua parceria como forma de consolidar o seu apoio aos esforços do Governo em prol do desenvolvimento do país", concluiu Nyusi.
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